Vivências fictícias
Aqui, no “A três mãos”, os meus dedos pressionam o teclado para escrever textos de ficção.
Aqui, a BB é uma mera narradora de histórias que passaram ao lado da História, uma simples comentadora de paisagens inexistentes e uma aldrabona relatadora de acontecimentos que não aconteceram.
Aqui, podem abstrair-se da realidade, por breves momentos, para se juntarem a nós nestas vivências fictícias.
Ontem (não) foi isto que pensei enquanto deixei o meu olhar perder-se para lá da janela da cozinha:
A larga janela da sala, trespassada por quentes raios de Sol, permite-me avistar uma paisagem que nunca deixa de me surpreender. A erva seca, contrastante com o azul esverdeado da água do rio, deixa em evidência a construção medieval.
Não é imponente, mesmo em ruínas?
Como sempre, os meus pensamentos acabam na lenda do ferreiro endiabrado, quando me permito mirar este cenário durante algum tempo.
Conto-vos a lenda muito resumidamente: segundo consta, o castelo de Hibrato (que é aquele que vemos ali ao fundo, na outra margem do rio), foi o local da execução de Ludovico, o ferreiro mágico condenado por suspeita de ter transformado os ossos do rei Ernesto VI em ferro.
Alguns loucos defendem a veracidade desta lenda, afirmando que o esqueleto metálico deste rei continua preservado na ala norte do castelo. Porém, segundo eles, ninguém se atreve a procurá-lo, pois ouve-se um ruído semelhante ao som da percussão de dois metais sempre que alguém se aproxima da entrada das ruínas.
Outros desatinados arriscam-se a dizer que é o ferreiro quem assombra a fortaleza. Amanhã vou lá espreitar aquilo. Alguém se sente com coragem para vir comigo?
Ah, não vos avisei na introdução:
Aqui, vocês podem ser as personagens de um conto.