Dados lançados!
O carro rolava devagar mais por causa da chuva miudinha que iniciara a cair do que pelo trânsito daquela hora. Jurlindo conduzia enquanto Amélia tentava em vão ligar a alguém. Finalmente do outro lado atenderam mas com uma voz muito sonolenta:
- Estou quem fala?
- André, sou eu a Amélia.
- O que é que aconteceu para me ligares a esta hora? Morreu alguém?
- Não, mas sobreviveu alguém...
Um breve silêncio e a voz pareceu outra, entusiasmada:
- Conta lá isso...
- Estás recordado do caso do avião de há uns dias?
- Sim. Aquele que desapareceu dos radares... Supostamente terá caído no mar...
- E se te disser que provavelmente não terá sido assim?
- Oi, oi ,oi o que me estás a querer dizer?
- Prefiro falar pessoalmente... Onde te posso encontrar agora?
Após um breve silêncio ouviu a resposta:
- Sabes onde é a estação de televisão onde trabalho?
- Sei sim!
- Encontramo-nos lá à porta.
A chuva iniciara a cair com mais força quando chegaram ao local combinado. André aguardava dentro do seu próprio carro evitando a chuva. Assim que Amélia chegou entrou na viatura do casal fugindo da copiosa chuva. Após os normais cumprimentos André foi direito ao assunto:
- Explica-me lá essa tua teoria do avião das Linhas Americanas.
- Não é teoria nenhuma. Bom como é do conhecimento público iam nesse avião pelo menos dois portugueses.
- Sim, sim... Um homem e uma mulher - interrompeu.
- Pois bem, a mulher de quem estás a falar trabalhou lá na minha empresa. Melhor, fui durante anos sua secretária... Chama-se Lídia...
Uma breve pausa. No pensamento de André dançava e ideia de que até àquele instante não percebera nada de extraordinário.Aguardou.
- Pois é... mas esta madrugada fui acordada com o toque do telemóvel e apenas ouvi a Lídia a pedir ajuda... Numa voz muito surda e por breves segundos.
- Como sabes que era ela?
- André... avalias-me mal! Eu trabalhei com ela durante anos. Conheço a voz dela à légua. E mais, para provar o que disse vê o número que está nas chamadas recebidas deste telemóvel.
Entregou o aparelho ao jornalista e este após uns momentos exclamou:
- Mas este número não é de Portugal...
- Ora isso sei eu. O que quero é que descubras onde ela possa estar. Como compreendes se levasse isto à polícia chamavam-me maluca.
- Isto é um grande furo - declarou André entusiasmadíssimo.
- Pois é... Mas promete-me já uma coisa. Jamais divulgarás o meu nome. Não imagino o que está por detrás de toda esta trama.
Ándré coçou a nuca e declarou:
- Prometo Amélia. Isto vai ser o bonito...
- Porquê?
- Porque o mundo pode não estar preparado para estas noticias. Obrigado de igual forma!
Saiu do carro apressadamente e correu em direcção ao portão da estação televisiva!