Ora...
É agora.
Contra o que sempre fora
Arrisquei-me lá fora,
Longe da casa acolhedora
Que foi a prosa, outrora.
Pouco poeta, nada escritora,
Experimento se o verso revigora
A inspiração incentivadora.
Não sou talentosa senhora,
Sou antes uma impostora.
Rimas encontrei agora
Em pública fonte auxiliadora.
Medicação hipotensora
Venha ela, salvadora,
Que os leitores com tanta "ora"
Irritaram-se, logo, sem demora.
Acalmai, leitor ou leitora,
Que a sexta-feira trabalhadora
É do fim de semana precursora!
"Melhora. Por favor, melhora.
Que poesia arrasadora!
Porque a criaste, Dora?"
De mansinho, devo ir embora
Pois já desejam atirar à autora,
Insistentemente molestadora,
Uma rocha destruidora!
Mas não esqueçam, já agora,
Que pessoa atiradora
De telhados de vidro é possuidora!